sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

6. A metamorfose

Juro-vos que não sou nada dessas coisas, mas, naquele momento, apeteceu-me beijá-lo. Ah ganda Grande Chefe! Uma sociedade de matemáticos- que gloriosa visão. Homens virados para a realização, para a concretização, para a obediência. Acabar de vez com essa gentalha das "letras", sempre cheios de interrogações, de dúvidas, das tretas da subjectividade. Aprender as regras, receber ordens e investir na sua concretização- isto sim, é a dinâmica social dos vencedores. "Grande Chefe, pode contar com o meu apoio incondicional"- disse. "As informações que tínhamos a seu respeito, davam-nos a certeza de que podíamos contar consigo. Dentro de dias, irá receber instruções. A forma de o contactarmos, será sempre diferente para não levantar suspeitas. Até lá, esteja atento aos que o rodeiam e aos sinais de que lhe falei. Vá marcando os alvos. O inimigo está infiltrado em toda a parte". Eu bem sabia que sim e até conhecia as trombas de um desses traidores. Já nos encaminhávamos para a porta, quando me lembrei: "Grande Chefe, para estar aqui, não tive tempo de entregar o plano da aula para ser substituído". Ficou sério. "Caro professor, a partir deste momento, você é um combatente. Um agente secreto. Um tijolo da parede do futuro, vai ter o seu nome. Que importância tem uma falta injustificada, comparativamente com o futuro da Nação?". Tinha tocado no ponto. Encolhi a barriga, estiquei o queixo e despedi-me com um enérgico cumprimento. Sim, eu sempre fui um patriota!

Sem comentários: